Água mineral é tudo igual?
“Não é só H2O que tem dentro da garrafa de água que compramos. Há muitos outros componentes, como sais minerais, cálcio, carbonatos, sulfatos, sódio, magnésio, entre outros. Essa composição depende muito da fonte de qual é retirada.
Assim, uma mesma marca pode ter características diferentes dependendo o Estado em que é vendida se as fontes forem diferentes.
Os minerais são responsáveis pelo gosto da água. Luciano Peske Ceron, professor de engenharia química na PUC-RS, diz que águas com grande quantidade de cálcio e magnésio, por exemplo, são consideradas “duras”, e têm um sabor pouco agradável.
As principais características a se observar na água são a composição de sódio e o pH, que determina se a água será ácida ou alcalina.
Mas é melhor para a saúde tomar água com mais sais minerais? A quantidade de sais minerais na água é baixa e não deve ser levada em conta no valor nutricional, explica Renato Zilli, endocrinologista do Hospital Sírio-Libanês.
“Uma alimentação rica em frutas e verduras fornece todos os minerais necessários para a manutenção do corpo”, diz.
Sódio Algumas águas têm muito sódio, outras têm menos sódio. A quantidade na água em si não é muito grande, mas somada ao sódio que se ingere nos alimentos gera impacto no final do dia. “O grande problema é que a população brasileira já consome muito sódio”, diz Ceron. Portanto, ele recomenda consumir uma água com baixo teor de sódio, abaixo de 30 mg/l.
Zilli explica que a escolha é especialmente importante para hipertensos, pessoas com problemas renais e portadores de doenças cardiovasculares. “Deve-se dar preferência a águas com menor quantidade de sal, porém a maior fonte do sal da alimentação vem principalmente de alimentos processados e embutidos.”
Segundo a Anvisa, se a água tem mais de 200 mg/l de sódio é necessário constar no rótulo um aviso. Ou seja, até essa quantidade, é considerado normal. No entanto, Ceron aponta que acima de 100 mg/l já apresenta algum perigo devido à alta ingestão de sódio pela população.
pH
Outro parâmetro muito importante a ser observado é o pH da água, índice que aponta a acidez. Para se ter uma ideia, refrigerantes têm um pH próximo de 2,5, bastante ácido. O leite tem pH entre 6,5 e 6,8.
O pH varia de 0 a 14 e 7 é considerado neutro, o que seria ideal para a água.
“Um pH mais baixo (mais ácido) pode levar a irritação da mucosa gástrica com sintomas de azia e dor de estômago”, diz o médico.
Para quem acha que águas alcalinas funcionam como antioxidantes, ele alerta: “não existe comprovação científica desse resultado”.
“Embora seus defensores alegam que a água com pH básico pode ajudar a manter o pH do sangue, impedindo assim certas doenças e promovendo a perda de peso, o fato é que nosso corpo regula cuidadosamente o pH no sangue e não é a água que você toma que vai mudá-lo substancialmente”, diz. Se bem não faz, mal também não.
Água da torneira
Sabemos que a água da torneira é tratada com cloro, que é ácido, mas os filtros são capazes reduzir a quantidade do elemento e aproximar o pH da água do neutro.
Os filtros de carvão ativado ou de barro funcionam da mesma forma e são eficazes para equilibrar o cloro, diz Ceron.
Água com gás
Há dois tipos: a gaseificada naturalmente e a artificialmente. Na segunda, coloca-se gás carbônico (CO2) dentro da água sob pressão.
O pH da água com gás é mais ácido, entre 5 e 6 e ela fica mais protegida contra proliferação de bactérias por causa da ação do CO2. Mas para pessoas com problemas gástricos, ela tem o mesmo efeito da água comum ácida, podendo irritar a mucosa.
Prazo de validade
Normalmente águas são em torno de um ano após o engarrafamento. O prazo de validade deve estar indicado na embalagem.”
Texto: Paula Moura | Fonte: UOL Tilt https://bit.ly/2BV5dCA